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segunda-feira, 2 de abril de 2012

A paralisação do mercado


A paralisação do mercado


Justamente neste ponto lembrado pela farmacêutica Naira de Oliveira é que se situa um dos problemas que afetam a grande indústria: a estagnação do mercado. Ao contrário do que se esperava - que era o aumento do número de compradores com a entrada no mercado de pessoas de renda mais baixa que passariam a comprar genéricos -, houve apenas uma substituição do remédio de marca mais caro pelo genérico mais barato por aqueles que já eram consumidores.
“O que aconteceu é o seguinte: em 1997, por exemplo, antes dos genéricos, nós vendíamos no Brasil 1,35 bilhão de unidades; hoje, em 2005, a indústria vai terminar o ano vendendo 1,35 bilhão de unidades. Ou seja, nós estamos vendendo exatamente o que a gente vendia antes dos genéricos. O que houve foi uma substituição do produto de marca pelo genérico pelo mesmo tipo de comprador, que era a classe média”, destaca Jorge Raimundo.
Falando em negócios, Geraldo Oliveira considera que a Lei dos Genéricos (nº 9.787/99), na realidade, afetou as grandes indústrias farmacêuticas. Para o professor, a lei “beneficiou muitos laboratórios menores, muitas vezes nacionais, que tiveram como produzir esses medicamentos a um custo bem mais baixo”. Em sua opinião, “na realidade, nós temos um grupo de medicamentos mais baratos, que são os genéricos, com a mesma qualidade e eficácia que os medicamentos de referência, que são sempre mais caros. Isso trouxe uma queda nas vendas para os grandes laboratórios internacionais, e eles têm uma resistência muito grande em aceitar os genéricos”.
Por outro lado, ele enxerga na adoção dos genéricos um movimento que contribuiu para o avanço da produção nacional. “Na indústria farmacêutica, houve um grande movimento de contratação (de pessoal) nos nossos laboratórios nacionais. Esses laboratórios cresceram com a indústria de genéricos. Hoje, eu diria que eles adquiriram uma certa fatia do mercado”, diz. Neste ponto, Geraldo Oliveira lembra que os próprios laboratórios internacionais estão entrando no segmento de genéricos, como é o caso do Novartis. “Então, não são só os laboratórios nacionais que produzem genéricos. Como os grandes laboratórios perderam parte do mercado, eles também começaram a investir no mercado de genéricos”, explica.
Para o segmento de genéricos, a expectativa é que o crescimento observado até agora, nestes cinco anos de existência desse tipo de medicamento no Brasil, tenda a se estender no médio prazo: “A gente trabalha com uma meta na entidade - e vou te dizer que é uma previsão de realista a pessimista - de ter 20% (do mercado de medicamentos) até 2009”, aponta Vera Valente. O tempo dirá se a estimativa se concretizará.

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